Se é difícil imaginar quais os problemas em uma realidade melhor do que a tua, imagine a dificuldade em entender uma que é gigantescamente pior. Como entender uma realidade, e eu enfatizo a palavra realidade, tão distante, mas tão distante, que parece ficção?
Sweatshop é um documentário sobre como uma realidade influencia a outra. De como blogueiros de um país, podem impactar a miséria e exploração de pessoas em outro. No caso, através da indústria da moda.
O documentário, tem cinco episódios e mostra a ida de três blogueiros de moda ao Camboja, onde várias de suas roupas são fabricadas.
No segundo episódio, a Frida fala – após conhecer a realidade de 7 dias de trabalho por semana, em jornadas de 12 horas diárias de uma mulher que trabalha em uma das fábricas – que ela sente pena, mas que essa é a realidade que a cambojana conhece, pois assim ela viveu a vida inteira. Ela acredita que a cambojana não acha isso ruim, que é normal normal. Enfim, ela não deve ser infeliz.
Mais adiante, nesse mesmo episódio, elas perguntam à cambojana, sobre a sua felicidade, e ela diz: “Sou infeliz”.
“Teve um cinegrafista que sentou com a gente um dia e disse que parecia que a gente não se importava. Eu lembro que fiquei muito brava e falei alto com ele, como ele podia dizer algo assim? Mas em algum ponto durante essa conversa algo mudou. Foi estranho, mas de repente eu comecei a ver tudo diferente”
disse a blogueira Anniken ao site G1
E esse é um conceito, e esse conceito é um mérito, do documentário. Ele deixa a frieza calculada do jornalismo denúncia, e nos traz uma forma mais imersiva para abordar o problema.
E não, não estou criticando o jornalismo tradicional. Acho que o seu formato é muito importante em grande parte dos casos. Mas esse documentário Norueguês fala de uma maneira muito mais direta com aqueles que influenciam diretamente essa exploração: os consumidores.
Deve ter sido muito chocante pra eles, descobrir que vários trabalhadores dessas fábricas, morreram de exaustão e fome, deixando famílias numerosas para trás. E essa emoção toda, certamente, é uma ferramenta poderosa para tocar o público e atingir o objetivo do documentário.
Veja o primeiro episódio:
Para assistir os episódios restantes, clique aqui.
Aproveito pra fazer menção à um documentário em curta-metragem, brasileiro, do Jorge Furtado: Ilha das Flores. Nesse curta, um grande problema social também é abordado em um formato diferente. A montagem do filme, feita pelo genial Giba Assis-Brasil, influenciou diversos montadores no Brasil e no mundo. Veja:
https://www.youtube.com/watch?v=e7sD6mdXUyg
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