Noah, é um curta-metragem feito por Walter Woodman e Patrick Cederberg, dois canadenses estudantes de cinema. É também o nome do protagonista desse filme, que se passa inteiramente na tela do seu computador e do seu telefone. O filme mostra como o personagem título se comunica com seus amigos, sua namorada, e começa a ficar interessante mesmo, quando ele invade o Facebook dela para descobrir se ela está sendo infiel ou não.
O filme de 17 minutos faz parte da seleção do Festival de Toronto, e nos seus três atos, mostra a forma com que os adolescentes se comunicam atualmente, e como as “ferramentas” que eles têm a sua disposição influenciam nessa comunicação e no resultado dela.
https://www.youtube.com/watch?v=h6eNuJdxAoQ
Por exemplo: no meio de uma conversa importante, Amy, a namorada de Noah, sai do Skype. Ele imagina que ela estava tentando terminar o namoro, e quando a questiona por sms do porquê ela não retoma a conversa, a resposta é que o Skype deu um problema, e eles se falam mais tarde. O que deixa o protagonista ainda mais nervoso.
Nesse momento que entram dois dos elementos mais sutis do filme: o primeiro está na mensagem que ele deixou pra ela no Facebook, assim que o Skype caiu: aquele ícone que avisa o horário em que a mensagem foi lida. Ela leu o que ele escreveu… Por que não respondeu? O segundo recurso tecnológico é o perfil dela. Ele passa a recarregar a página a todo instante, só para ver se ela não mudou o seu status de “namorando” para “solteira”, e fica muito ansioso querendo saber o porque dela mudar a sua foto do perfil. Antes eram os dois, agora é só ela.
E é nessa nova foto que ele descobre um rival. Pronto, está formado um triângulo amoroso, como qualquer filme sobre adolescentes precisa ter. E mesmo que, nesse caso não existam vampiros e lobisomens, o homem que aparece para perturbar a felicidade do casal, passa o tempo todo sem camisa.
É aí que inicia o segundo ato (e o conflito do filme), quando ele invade a conta dela no Facebook e faz bobagem.
O resto do filme eu não vou contar, já seria dar muito spoiler. E mesmo que o filme mostre diversas situações (e até mesmo o uso do Chatroulette que, pra minha surpresa, ainda existe – e é o que faz o filme ser NSFW) que movimentam a história, no final ele é uma amostra de como a tecnologia que “aproxima as pessoas”, não é apenas uma maneira mais rápida e fácil de manter contato e sim uma forma diferente de se relacionar.
O curta discute a questão de que, agora, você não conta apenas com as suas impressões, a capacidade de interpretar as palavras e os atos de alguém. Você conta com as já citadas ferramentas, que vão influenciar as tuas percepções e, consequentemente, as tuas atitudes.
E técnicamente, o curta tem algumas soluções bastante interessantes. Para que o espectador preste atenção no elemento que o diretor quer, a tela do computador é mostrada através dos olhos do protagonista. Ou seja, você está vendo o ponto em que os olhos dele estão focando. E a trilha sonora é o que está tocando na playlist que ele colocou no iTunes. Por coincidência, ela acompanha as emoções dele, hehehe.
Assistir essa história, me lembrou da primeira vez que assisti Antes do Amanhecer, o meu segundo filme favorito. Aquele filme falou muito sobre como a minha geração se relacionava a via o mundo, o que me pareceu ser o caso aqui.
E você? Usa as ferramentas digitais para interpretar o que se passa na cabeça das pessoas com quem você se relaciona? Quem nunca ficou ansioso ao ver que a pessoa não respondia, mesmo depois de ler a mensagem?
6 comentários
genial! amei
Muito legal!
O vídeo é incrível e sua análise em cima dele também é muito boa!
Blue Jays!
legal., só achei que ele foi burro pq termino de um jeito muito escroto com ela.
Aqui no meu pc mostra que o vídeo é privado, não consigo assistir. :/