[showads ad=300] Eu tinha nove anos quando assisti Jurassic Park (1993) nos cinemas e, desculpa, eu ainda acredito naqueles dinossauros! Quando Michel Crichton escreveu seu bestseller, jamais imaginou que ele se tornaria um marco no cinema, não só pela receita bruta de mais de 1 bilhão, mas principalmente pela inovação técnica. Steven Spielberg aproveitou o natural fascínio humano (em especial das crianças) por dinossauros, e produziu algo de um realismo nunca visto na história do cinema – e dos dinossauros… ao menos desde a sua extinção… O resultado? Três Oscars e 5 anos no topo das maiores bilheterias da história do cinema.
Quando Jurassic Park entrou em pré produção – três anos antes do lançamento nos cinemas – a palavra de ordem era REALISMO. Não seriam poupados esforços, nem inovação, para que fossem criados os dinossauros mais verdadeiros que alguém já viu.
Para ter certeza de que tudo em relação aos dinossauros seria aceito pelos rigorosos conhecedores do assunto – as crianças, claro – Spielberg contratou do consultor paleontologista Jack Horner e escalou o seu dream team que formaria as bases criativas do filme. Para dar vida aos dinossauros, Spielberg chamou diversos profissionais como Stan Winston e Phil Tippett, para os animatronics e o stop-motion, além de pedir ajuda para o amigo George Lucas, dono da maior companhia de efeitos especiais da época: a Industrial Light & Magic(ILM).
A equipe da ILM, tinha apenas um ( e era grande) desafio: como fazer um dinossauro (inteiro) correr em um plano aberto, interagindo com o cenário e os atores reais? Era “só isso”. A idéia original nunca foi ter vários dinossauros digitais durante a película. A tecnologia pra isso era muito nova na época, e nada parecido tinha sido feito.
Só que, motivados pelo desafio, entraram duas figuras importantes que marcariam a gênese de um novo universo nos efeitos especiais e no modo como Hollywood passaria a fazer filmes.
Spielberg e Lucas e sua equipe: Revolucionando os efeitos especiais (outra vez)
Eles foram, sem dúvida, grandes responsáveis por isso, e pela ousadia, serão sempre creditados pelo feito. Mas hoje eu quero falar de duas outras pessoas, igualmente importantes no processo.
De um lado Phil Tippett, consagrado animador em stop motion, que deu movimento aos AT-ATs de Star Wars – O Império Contra-Ataca (1980) e ao ED-209 de Robocop (1987). Desenvolveu também o sistema Go-Motion, uma versão melhorada da técnica que dominava, que usava um borrão de movimento (motion blur) entre um quadro e outro – deixando a animação mais suave, menos “robótica”. Com a segurança e conhecimento de causa, Tippett e sua equipe começaram a desenvolver mais de 50 tomadas em Go-Motion para Jurassic Park.
Do outro lado, Dennis Muren, que tinha chamado a atenção do público com personagens como o T-1000, em O Exterminador do Futuro 2 (1991) e a “cobra d’água” de O Segredo do Abismo (1989), disse que talvez conseguisse fazer um dinossauro de tamanho real que parecesse verdadeiro. Então vieram os testes: primeiro uma manada de Gallimimus, correndo de vários ângulos em uma fotografia do Hawaii; depois um Tiranossauro Rex tão autentico e verdadeiro que impressionou não só Spielberg como todos os envolvidos – algo muito além do que se podia fazer com a animação em stop-motion ou qualquer outra. A tecnologia mudou o filme para sempre. E o cinema.
Jurassic Park reviveu os dinossauros e extinguiu o stop-motion (e os animadores que não se reinventaram)
Em abril de 1992, Tippett e sua equipe ficaram sabendo que a produção de Jurassic Park seria digital. Ironicamente ele se sentiu extinto, como os dinossauros – referência que depois se transformou em uma fala do filme, dita pelo Ian Malcolm (Jeff Goldblum).
Um dos exemplos mais claros do impacto que os dinossauros digitais teve em Steven Spielberg, é a clássica cena em que o Tiranossauro enfrenta os Raptors e ao final um banner cai sobre ele. O final original era diferente! Ele mostrava Alan Grant atirando em um Velociraptor e usando o esqueleto do T-Rex para matar o outro. Spielberg percebeu que tinha a tecnologia para fazer uma cena épica e transformar o seu filme em um clássico instantâneo (não que o resto já não fizesse isso, mas essa – sem dúvida – foi a cereja que tornou o bolo ainda mais especial).
Como Tippett não podia brigar com a nova tecnologia, buscou uma forma de se adaptar e desenvolveu o Digital Input Device (DID). Um estrutura tradicional de stop-motion com codificadores que conseguiam traduzir todos os movimentos para o computador – preenchendo a lacuna entre a animação computadorizada (técnica muito nova na época) e o stop-motion. Era como uma versão mais rudimentar da “captura real de movimentos”, uma forma muito utilizada hoje em dia, na industria da animação e dos efeitos especiais.
Ele convenceu Spielberg a mantê-lo no time de produção do longa, falando uma grande verdade: disse que a ILM podia ter a tecnologia ideal para criar os dinossauros com a aparência mais realista possível, mas que era ele quem detinha o conhecimento sobre animação, que tornaria aqueles “monstros” vivos. E foi o que aconteceu. A animação no estilo que Tippet fazia, foi extinta, mas ele soube se reinventar e continuou no cinema.
O resultado do trabalho em Jurassic Park foi um salto gigante, mudando definitivamente a maneira como os filmes seriam feitos no futuro. Enfim, o trabalho conjunto entre Tippet e Muren, juntamente com Stan Winston e Michel Lantieri (esses dois últimos, responsáveis pelos animatrônics e outros aspectos da criação dos dinossauros) renderam o Oscar de Melhor Efeitos Especiais em 1994.
Assim, os efeitos especiais de Jurassic Park extinguiram o stop-motion, tal qual o meteoro fez com os Dinossauros. Mas, depois que aconteceu, ele provocou uma renovação capaz de gerar as maravilhas que vieram nos anos que se seguiram.
Nunca vou me esquecer do choque que tive aos 9 anos. Lá estava eu, em uma sala escura, vendo na minha frente o T-Rex com o qual eu tinha sonhado encontrar. Era como se fosse real, graças a essa equipe que teve coragem para dar um… não, dez passos a frente, e mudar os filmes para sempre (outra vez). Você já se sentiu assim no cinema?
Excelente matéria!
Obrigado Rodolfo :)
Obrigado Rodolfo :)
Ótimo texto! Descreveu o mesmo sentimento que tenho. Não consigo ver computação gráfica e efeitos especiais, vejo dinossauros de verdade. Equipe brilhante.
Ótimo texto! Descreveu o mesmo sentimento que tenho. Não consigo ver computação gráfica e efeitos especiais, vejo dinossauros de verdade. Equipe brilhante.
Obrigado Rafael :)
Para mim, essa é a melhor fotografia do cinema. De todos os filmes que assisti, ela me marcou. Até hoje me emociono quando vejo aquela faixa caindo sobre o T-Rex, depois dele ter salvado o pessoal dos Raptors. Muito boa.
Parabéns pela matéria, muito legal meu!!!! (:
Melhor filme em todos os aspectos.
Me senti assim assistindo o primeiro Matrix. Fui ao cinema sem nem saber o que estava passando, me senti entrando em uma máquina do tempo, vendo efeitos especiais inimagináveis para a época.