É, pode ser um conceito meio estranho, mas com a ascensão dos dramas para jovens adultos (Crepúsculo, Jogos Vorazes, etc), o tipo de filme que era o principal gênero na década de 70, precisou ser ressignificado: quando a história gira em torno de algo além da trama, algo que fica subentendido pelas ações dos protagonistas e a forma com que eles ou elas crescem ao enfrentar os obstáculos é mais importante que a trama em si.
É ótimo ver o próprio Spielberg fazendo um trabalho de destaque em um gênero que ele ajudou a deixar em segundo plano, no final dos anos de 1970 e 1980. E ele faz isso em um ótimo filme.
Nele, Tom Hanks é um advogado de seguros que fica incumbido de defender um espião soviético que foi capturado nos EUA. O filme que se passa no final da década de 50 e início da década de 60 representa muito bem o clima e a época. Inclusive usando gravações de telejornais da época, para explicar a situação. Mas ao contrário dos filmes do Robocop, eles costumam ficar em segundo plano, ou ter pouco destaque.
Acontece que o julgamento é só uma fachada, e o objetivo é condenar o espião a morte. O protagonista, que relutou um pouco a se envolver, não pode permitir que isso aconteça, pois acredita que todos têm direito à um julgamento justo. E é isso que vai lhe credenciar para uma missão ainda mais difícil: negociar a libertação de um soldado americano junto ao governo soviético.
E é nesses dois momentos que o tema do filme – defender o que se acredita – se destaca na trama. O herói é desafiado por todos os lados, e precisa de muita força de vontade para lutar pela sua crença e fazer o que acha correto. E aí o drama, a inteligência e a capacidade de improviso se destacam.
Isso acontece, em grande parte, pelo ótimo roteiro que sabe contar uma história tensa de forma leve e as vezes com humor… Ou com personagens que não perdem o bom humor frente a situações ruins. Mérito para os irmãos Cohen. Sim! Joel e Ethan Cohen, os diretores de Fargo, Onde os Fracos Não Têm Vez, e um dos meus filmes favoritos, Arizona Nunca Mais, assinam o roteiro junto com Matt Charman, um dos roteiristas de 2012, aquele filme catástrofe sobre o fim do mundo. É… o mundo dá voltas…
Spielberg errou a mão em Lincoln e Cavalo de Guerra, mas mostrou uma direção sólida com o seu velho parceiro de filmes: Tom Hanks. Essa já é a quarta colaboração entre os dois, e novamente eles entregam um filme que vale muito a pena ser assistido.
Não vou me alongar, porque a intenção desse review é ser algo simples, curto e direto, pra ajudar você a escolher um filme para ver (ou não) no cinema. E nesse caso, a dica é: assista! Mas só se você estiver a fim de um filme histórico (é baseado em fatos reais), onde tudo se resolve na conversa. Se preferir algo com tensão e ação, também escrevi sobre Sicário, e acho que você pode gostar.
E você ainda pode ver, aqui, uma conversa em que Steven Spielberg e Martin Scorcese falam sobre o filme. (em inglês).
https://youtu.be/4a42gqKeZA8
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