E as vezes é complicado vermos isso. Com a intenção de diminuir essa dificuldade, a Care Norway, uma organização norueguesa que presta apoio e atendimento à mulheres em países pobres, criou esse vídeo, para alertar que 1 em cada 3 mulheres sofre alguma violência física ao longo da sua vida, pois não damos a devida importância para os detalhes que ajudam a violência a se perpetuar.
No vídeo, intitulado “Querido Pai” é como se víssemos uma carta narrada, onde a filha pede ajuda para o seu pai, pois ela nascerá mulher.
O vídeo não diz e nem foi feito pra dizer que todos os homens são assim, mas que mesmo sem querer, podem acabar contribuindo para que isso aconteça (mesmo sem perceber). Mas fala de comportamentos que existem, e que muitos de nós (homens e mulheres) veem como normal e corriqueiro. Insultos que são considerados “coisa da idade” ou ações que não são vistas com maldade, afinal “são os hormônios”; E até mesmo as famosas “brincadeiras”, que são apenas brincadeiras, e por isso as pessoas não devem se ofender.
O problema, e o vídeo é sobre isso principalmente, é que nessas brincadeiras, permitimos que alguns tipos de pensamentos nocivos se espalhem.
Ao permitirmos que piadas que diminuem pessoas sejam feitas (no caso do vídeo são mulheres, mas podemos estender para outros casos) acabamos perpetuando uma maneira de ver o mundo, e banalizando assuntos que são sérios. E isso tem consequências.
A primeira e mais direta, é na autoestima da pessoa. Quando ela ouve, repetidamente, que não é tão boa quanto as outras, ela passa a pensar isso. E a partir daí, as coisas só pioram: as pessoas que estão ouvindo podem começar a acreditar nisso também, e acabam tratando mal quem elas julgam diferente, principalmente se estão em um grupo que reforça essa opinião.
E esse tipo de pensamento vai criando mindsets que passam a fazer parte das configurações de pré-julgamento, levando as pessoas (que são más) a encontrarem justificativas (que não justificam nada) para os seus maus comportamentos. Como no exemplo do vídeo: um guri que foi criado no meio de piadas ofensivas, foi absorvendo o conteúdo delas, que eram contadas e espalhadas sem nenhuma vergonha… afinal, eram apenas piadas, eram inofensivas. Mas de tanto ouvir que mulheres eram inferiores e que elas “mereciam” algo ruim, ou que – por ser homem – ele era superior a elas, estuprou a protagonista.
E o estuprador, criou esse tipo de pensamento – entre outras coisas – por ouvir as piadas de seu pai, que era amigo do pai da menina do vídeo, e que permitiu que esse tipo de pensamento se espalhasse, porque queria ser legal… Não queria ser o cara que “estraga a diversão”.
Portanto, fica o aviso: O mundo ao nosso redor é que constrói a forma com que o vêmos. Se permitirmos que algo ruim se torne banal, acharemos que aquilo faz parte da vida, e permitiremos que a maldade se perpetue, fazendo novas vítimas a cada dia. Se queremos um mundo melhor, precisamos fazer com que as formas de pensar que são nocivas, acabem, e não consigam se esconder sob nenhuma forma… nem que se pareçam com uma inofensiva piada.
E de bônus fica um vídeo, que já é bem conhecido, sobre o astrofísico Neil DeGrasse Tyson falando o porquê – em sua opinião – existem poucos negros e poucas mulheres na ciência. No vídeo, ele também fala como as coisas, que parecem normais e corriqueiras, acabam influenciando o destino das pessoas.
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