Ah, e ela ainda será opensource. Ou seja: os projetos serão disponibilizados para que qualquer pessoa possa construir a sua (o que não deve ser barato mas, com certeza, será menos custoso do que comprar pronta de alguma marca.
Era muita promessa linda pra eu acreditar de verdade. Então passei dois dias lendo o que eu encontrava sobre a câmera. E aqui está o que sei.
Como é e do que é feita a Surround 360
A Surround 360 é composta por 17 câmeras sincronizadas: 14 nas laterais, uma na parte superior (com uma fisheye) e duas na parte inferior. A câmeras utilizadas no produto apresentado durante o F8, foram Point Gray Grasshopper 3, que utilizam CMOS de 2ª geração da Sony, e lentes de 7mm com abertura de 1.2.
O equipamento não pega fogo após cinco minutos de uso (foi a primeira coisa que eu pensei quando apresentaram a câmera), e é projetado para gravações longas sem aquecer (até 2 horas).
A Surround 360 é composta por 3 componentes principais:
- O Hardware
- O Software de controle da câmera
- O Software de renderização das imagens
A intenção do FB é a de que qualquer pessoa possa fazer vídeos com essa câmera, sem precisar de conhecimento técnico, portanto, desenvolveram um software capaz de processar as imagens de todas as lentes e transformar em um vídeo único e pronto para ser editado facilmente.
A diferença entre o 360º 3D e o não 3D
Já faz algum tempo que vídeos em 3D não são difíceis de fazer. É possível comprar câmeras que nunca se popularizaram, porque no final das contas não existe muito uso pra isso, ou até mesmo improvisar usando duas câmeras iguais e ter um trabalho bem chato na hora de editar. Mas a captação de imagens não é nenhum bicho de sete cabeças.
Pra quem não sabe, a gravação de imagens em 3D tem uma lógica simples: Você usa duas lentes (ou duas câmeras) lado a lado, para que cada uma funcione como se fosse um olho. A interação entre as duas imagens paralelas, criadas pela câmera, simulando o olhar humano, é que vai formar o 3D. Depois, na edição, essas imagens são sobrepostas. Por isso a imagem fica embaralhada e desfocada quando você tira os óculos 3D.
Por falar em óculos, eles são necessários, para fazer com que o seu olho direito enxergue apenas a imagem feita com a lente da direita, e o olho esquerdo, a imagem feita com a lente da esquerda. Para entender melhor, tape o olho direito e observe o ambiente ao seu redor. Depois inverta, observe tapando o olho esquerdo. Viu que o ângulo do que você vê é um pouco diferente? É a união dessas duas imagens que dá a noção de profundidade.
Agora imagine o seguinte: Se várias câmeras de boas marcas, já aquecem após 20 ou 30 minutos de gravação em Full HD (1920 x 1080), imagine o poder necessário para processar 17 câmeras gravando em 2448 x 2048 (pelo menos), a 60fps… Se isso for verdade, eu não sei por que usaria outra câmera. Adeus Canon! Adeus Nikon!
Brincadeira, eu amo vocês. Fora que fazer essa câmera do Facebook vai custar aproximadamente 30 mil dólares. Isso está um pouco fora de cogitação.
Mas voltando ao desafio do 3D, o mais impressionante da câmera (e a maior promessa), é o software de renderização. Imagine que ele vai ter que pegar as imagens complexas que falamos, e não apenas calcular o alinhamento das câmeras para criar uma imagem em 360. Ele terá que calcular, também, a distorção necessária na hora de unir essas imagens, para fazer com que elas tenham o ângulo certo para cada olho.
Eu ainda não me convenci que a câmera não entrará em auto-combustão.
Os outros desafios da Surround360
Não é apenas a criação do 360º em 3D, em 8K, que é um desafio. Tem outros:
- A necessidade de correção de luz e cor pra cada uma dessas câmeras, ocorrendo ao mesmo tempo (se a luminosidade ou as cores forem diferentes, quem estiver olhando, vai estranhar).
- A captura de imagens sincronizada (se uma câmera captar uma imagem depois da outra, cada olho seu verá em um tempo diferente).
- A sincronia de foco (a gente vê tanto vídeo feito com uma câmera, que tem um foco bem ruim, imagina ter que se preocupar com isso 17 vezes).
- A estabilização de imagem.
Dentre outras coisas bem mais técnicas. Por isso, essa câmera me deixou empolgado de uma maneira que não fico desde o lançamento da 5D Mark II. E por isso que, se ela cumprir todas as promessas, será uma grande ferramenta. Tu ter um vídeo com todas essas características pronto diretamente na câmera, sem a necessidade de muita pós-produção, vai ajudar a popularizar a criação de vídeos para VR (mesmo com o alto custo de se fazer o equipamento. Mas o custo, sabemos, cai com o tempo).
E por que o Facebook criou a Surround360?
A resposta é fácil: a tendência da realidade virtual. O Facebook comprou a Oculus (criadora do Oculus Rift) por 2 bilhões, porque viu o potencial. E agora, precisa dar ferramentas para popularizar a criação de conteúdo para o seu hardware de VR, e torna-lo atraente.
Em alguns meses, o projeto será liberado no Github, e quem quiser, poderá construir a sua. O que você acha? Vale o investimento?
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